A Gota é uma forma de artrite inflamatória caracterizada por crises de dor articular que se apresentam com calor, inchaço e rubor. A articulação do primeiro dedo do pé é tipicamente acometida.
Historicamente é descrita como a doença dos Reis. A primeira documentação vem do Egito antigo, 2.600 a.c, com a descrição de artrite do primeiro artelho. Hipócrates, “o pai da medicina”, em 400 a.C, escreve sobre o tema e observa a não incidência em mulheres jovens.
Atinge até 1% da população e têm predileção por adultos do sexo masculino.A crise da gota ocorre por elevados níveis de ácido úrico no sangue. Em altos níveis sanguíneos os cristais de ácido úrico se depositam nas articulações resultando em dor aguda e inflamação.A gota se apresenta em pacientes que abusam em dietas com carnes, bebidas alcoólicas e possuem sobrepeso. A predisposição genética é relevante.
Podagra é o termo utilizado para descrever a crise de artrite no dedão do pé. Nesta articulação se apresenta mais da metade das crises, podendo acometer também outras juntas como tornozelos, joelhos, mãos, etc.
A crise tem início repentino e de forma peculiar escolhe as primeiras horas do dia para se manifestar.
O diagnóstico é clínico baseado na história e exame físico.
Exames complementares são realizados se houver dúvida ou em pacientes que não melhoram com tratamento.
A Gota é confirmada com a presença de cristais, na análise microscópica, do líquido retirado da articulação. Os níveis de ácido úrico no sangue nem sempre estão elevados durante as crises.
Tratamento com anti-inflamatórios não hormonais, corticóides e colchicina amenizam os sintomas. Após combate da crise aguda, os níveis de ácido úrico devem ser controlados e reduzidos com mudança no hábito alimentar. Medicações como alopurinol e probenecide são prescritas para pacientes com dificuldade na eliminação do ácido úrico.
Os níveis sanguíneos elevados de ácido úrico podem comprometer outros orgãos. Nos rins formam cálculos renais e prejudicam sua função.
Sem tratamento a doença cronifica. As crises recorrentes promovem destruição articular e formação dos “tofos”, que são tumorações peri-articulares dolorosas que se formam por depósito dos cristais.
As cirurgias ortopédicas são reservadas para as seqüelas de um tratamento ineficaz em doença agressiva. Tofos grandes e dolorosos podem ser removidos cirurgicamente e próteses articulares são alternativas para juntas destruídas por inflamação crônica.
A reeducação alimentar, o controle do peso, uma dieta rica em derivados de leite, o uso da vitamina C e a prática de exercícios regulares são medidas preventivas importantes.